Entenda as especificações do óleo lubrificante

- Parabéns!!! Estou compartilhando.

Como disse e o cara da palavra!!

Marco Túlio curtiu isso! Há!

Maravilha Ferrarezi! É este tipo de coisa que fazem do Forum um dos mais interessantes que conheço!

dmreinert escreveu:

Parabéns pela dedicação Ferrarezi! Show de bola sua explicação!

Se ajudou, se contribuiu com os companheiros, estou feliz!
Abraço,

Parabéns pela dedicação Ferrarezi! Show de bola sua explicação!

Como muitos têm dificuldade em entender as especificações dos óleos lubrificantes, segue abaixo um "mini-guia" para facilitar a compreensão e tirar os medos de quem não conhece bem a coisa:

O primeiro ponto que temos que entender é que o óleo lubrificante de motor para motocicletas é medido em função de 5 critérios:

1) Especificação de desempenho - a mais tradicional é a API (Instituto Americano de Petróleo), mas existem especificações européias, como Acea e as respectivas de cada montadora. A classificação API, baseia-se em níveis de desempenho dos óleos lubrificantes, isto é, no tipo de serviço ao qual a máquina estará sujeita. São classificados por duas letras, a primeira indica o tipo de combustível do motor (no caso das nossas motos a gasolina, essa letra sempre é "S") e a segunda o tipo de serviço (que aumenta conforme a qualidade do óleo para serviços mais pesados). Assim, um óleo SH (gasolina nível H) é inferior a um óleo SI ou SJ, por exemplo (gasolina nível I e gasolina nível J, respectivamente). Observe que a segunda letra vai crescendo na ordem do alfabeto: H, I, J, L, M etc. Quanto "maior" a posição da letra no alfabeto, maior a qualidade do óleo. A maior especificação existente hoje em dia é SM, que ainda é meio rara de encontrar no Brasil e aparece em óleos mais caros, por enquanto. Assim os óleos SL são os melhores em desempenho e custo x benefício.

2) Especificação de viscosidade - A viscosidade dos lubrificantes não é constante, ela varia com a temperatura. Quando esta aumenta, a viscosidade diminui e o óleo escoa com mais facilidade. O Índice de Viscosidade mede a variação da viscosidade com a temperatura. Quanto maior esse índice, menor será a variação de viscosidade do óleo lubrificante, quando submetido a diferentes valores de temperatura e sua densidade será mais constante. A densidade indica a massa de um certo volume de óleo a uma certa temperatura e é importante para indicar se houve contaminação ou deterioração de um lubrificante. Regulada pela SAE (Sociedade de Engenheiros da Mobilidade), há basicamente dois grupos, o de monoviscosos (como 30, 40 e 50) e multiviscosos (como 20w50, 10w40, 5w40); os multiviscosos têm maior capacidade de resistir à variação térmica dos motores, apresentando menor redução de valor quando do aumento da temperatura.
A classificação SAE rotula os óleos lubrificantes pela sua viscosidade, que é indicada por um número. Quanto maior este número, mais viscoso é o lubrificante e são divididos em três categorias.

Óleos de verão: SAE 20, 30, 40, 50, 60;
Óleos de inverno: SAE 0W, 5W, 10W, 15W, 20W, 25W;
Óleos multiviscosos (inverno e verão): SAE 20W-40, 20W-50, 15W-50.

No caso dos óleos que usamos hoje, todos multiviscosos, aparecem dois números: o primeiro número com um "W" e o segundo número sozinho. A letra "W" vem do inglês "winter", que significa inverno. Isso significa que quanto menor o primeiro número (inverno), mais o óleo é adaptado para o frio e mais "fino" ele é, e quanto mais alto o segundo número (verão) mais o óleo aguenta altas temperaturas (e é mais viscoso, e vai afinando um pouco quando o motor vai esquentando). Os multiviscosos já são adaptados para inverno e verão. Assim, um óleo 0W ou 5W é muito bom para o inverno europeu, mas fica muito fino no calor brasileiro. Um óleo 10W40 ou 15W50 já aguenta bem melhor o tranco do nosso verão e dos nossos congestionamentos super quentes nas capitais. No Saara, é melhor um 20W50...

3) Base do óleo - pode ser mineral, sintética ou semi-sintética. A base do lubrificante determina, em grande parte, sua estabilidade de comportamento. Óleos sintéticos tendem a ser mais estáveis, ou seja, a permanecer com as mesmas características independente da temperatura (nem afina, nem engrossa, nem perde a viscosidade etc.), mas são muito mais caros. Óleos minerais, são bem mais baratos, mas de estrutura molecular mais instável, mudam mais de comportamento em função das variações de temperatura e atrito. Os óleos semi-sintéticos aliam as duas coisas: menor preço com boa estabilidade de comportamento nas variações.

4. Especificação de atrito para uso misto (motor e embreagem) - Essa especificação é medida pela JASO (Japanese Automobile Standards Organization). Há dois padrões:
JASO MA: Alto índice de coeficiente de atrito (bom para embreagens)
JASO MB: Baixo índice de coeficiente de atrito (fraco para embreagens)

Se a moto é de cárter seco, isto é, a embreagem não funciona dentro do óleo do motor, os óleos JASO MB resolvem. É o caso da Super Teneré. No caso da Tiger, moto de cárter úmido, isto é, em que a embreagem é banhada a óleo, se exige o padrão JASO MA, isto é, para aguentar alto índice de atrito sem prejudicar os componentes.

5. Tipo do motor - se o motor é 4T (o óleo é adicionado dentro do motor) ou se é 2T (o óleo é misturado ao combustível diretamente ou por meio de um tanque auxiliar)

Então, resumindo: O que eu tenho que ver no óleo da moto quando eu for fazer a troca??? Cinco coisas:
1. Especificação API (desempenho) - quanto maior a segunda letra, melhor. SL ou SM são as melhores hoje
2. Especificação SAE (viscosidade) - para o Brasil, 10w40 e 15w50 estão de bom tamanho
3. Base (estabilidade) - semi-sintético e sintético são os melhores. Semi-sintético tem melhor custo x benefício
4. Atrito - para nossas motos tem que ser JASO MA
5. Tipo do motor - no nosso caso, sempre 4T

Um exemplo: o Mobil que estou usando agora (SuperMoto 4T MX) tem as seguintes especificações; API SL, SAE 15W50, semi-sintético, JASO MA, 4T - é um óleo totalmente adequado para a Tiger 955i para uso no Brasil.

Bem, espero ter ajudado com esse "mini-guia" a companheirada que não entendia esses números todos a ter entendido a coisa. Nem é tão difícil, não é mesmo?
Grande abraço,

PS.: As fontes para montar a coisa foram os sites das petrolíferas, a Wiki e sites de vendas de lubrificantes. Um monte! Deu preguiça citar um por um aqui....