- Johnnie Walker escreveu:
- Claro Nairo. Fique à vontade. O objetivo de todos nós é ajudar os amigos, e fazer com que essa comunidade "motociclística" em geral cresça.
Obrigado JW.
Com a devida licença dos amigos do TROL, copio um Post bem interessante sobre acerto de suspensão postado pelo Tu-barão.
Segue abaixo
Tenho um artigo aqui sobre ajuste do SAG bem completo. Manda seu email que te mando o documento. É Word e tem fotos. Segue parte do documento com o diagnóstico de erros de ajuste:
SINTOMAS DE ERROS:
1 - NOS AJUSTES DAS BENGALAS
FALTA DE AMORTECIMENTO DE RETORNO (pouco A.R.)
- Sub-esterçamento (a moto curva menos do que deveria)
- Sensação de instabilidade dianteira.
- As bengalas oferecem uma pilotagem muito confortável, especialmente quando na vertical. Contudo, à medida em que a velocidade de cruzeiro aumenta, perde-se a sensação de controle. Parecem "fofas" e a sensação de tração é pobre.
- Ao se atingir ondulações em velocidade a roda dianteira tende a vibrar e balançar.
- Ao se inclinar a moto numa curva em velocidade a roda dianteira tende a vibrar e balançar. Sensação de instabilidade nas manoplas.
- Com o aumento da velocidade e da agressividade surge a sensação de descontrole.
- Comportamento e inclinação do chassis tornam-se problemas, com a dianteira se recusando a se estabilizar após o contra-esterço nas entradas das curvas.
EXCESSO DE AMORTECIMENTO DE RETORNO (muito A.R.)
- Sobre-esterçamento! (a moto curva mais do que deveria).
- Pouca tração no pneu dianteiro.
- Sensação de que a roda dianteira escorregará para baixo da moto nas curvas.
- A condução é bastante áspera - o exato oposto da suavidade percebida quando com pouco A.R.
- Qualquer asfalto irregular dará a impressão de que as bengalas estão travando por aspereza e por atrito estático.
- Nas saídas de curvas onduladas, sob forte aceleração, a dianteira dará a impressão de que irá balançar violentamente a qualquer momento (prenúncio de shimmy).
- Sensação de que o pneu dianteiro não está em contato com o solo durante as acelerações.
- A aspereza e inclemência da condução deixará a moto difícil de controlar ao passar por depressões ou elevações; a relutância da suspensão em manter tração nessas ocasiões arruinará a confiança do motociclista.
FALTA DE AMORTECIMENTO DE COMPRESSÃO (pouco AC)
- A dianteira mergulha excessivamente durante as frenagens.
- A traseira da moto quer "ultrapassar" a dianteira nas frenangens agressivas (freio dianteiro).
- A suspensão dianteira atinge fim de curso com um impacto sólido sob frenagem forte ou ao passar por irregularidades no solo.
- A dianteira tem feedback vago, falta de tato, sensação de "afofamento" - similar à situação de pouco A.R.
EXCESSO DE AMORTECIMENTO DE COMPRESSÃO (muito AC)
- Boas frenagens mas dirigibilidade geral muito nervosa, especialmente quando a roda dianteira atinge treme-tremes ou falhas no asfalto.
- Ondulações no solo são sentidas de maneira direta: o primeiro impacto é sentido instantaneamente via chassis, e grandes elevações levantam a roda do chão.
- A altura da posição de pilotagem é afetada negativamente: a dianteira se mantém alta durante as curvas.
- O mergulho da dianteira nas frenagens é drasticamente reduzido, embora o chassis sofra bastante com ondulações encontradas no percurso durante tais frenagens.
2 - NOS AJUSTES DOS AMORTECEDORES TRASEIROS
FALTA DE AMORTECIMENTO DE RETORNO (pouco A.R.)
- A traseira se levanta rápido demais em frenagens fortes.
- Sensação de instabilidade.
- Condução confortável em velocidades médias; com o aumento do passo o chassis começa a balançar e "rebolar" em curvas onduladas.
- Com isso cai a tração sobre ondulações durante a aceleração; pneu traseiro começa a vibrar por falta de controle na roda.
- Há excesso de inclinação de chassis nas grandes ondulações quando em velocidade; a traseira retorna rápido demais, afetando o chassis em um efeito "pula-pula".
EXCESSO DE AMORTECIMENTO DE RETORNO (muito A.R.)
- Traseira não acompanha irregularidades do terreno.
- Traseira acaba abaixando ao longo do percurso, resultando em sub-esterçamento (a moto curva menos do que deveria)
- Condução inconstante. O desempenho da suspensão traseira é pobre e não passa informações do solo - sensação vaga.
- Tração precária em ondulações durante aceleração (pela falha de desempenho da suspensão)
- A moto tende a sair rumo à tangente das curvas pois a suspensão traseira está "compactando"; isso força uma atitude de "nariz empinado" (dianteira alta), o que diminui a capacidade de esterço.
- A traseira tende a pular e destracionar quando se corta o acelerador durante entradas agressivas de curva.
FALTA DE AMORTECIMENTO DE COMPRESSÃO (pouco AC)
- A roda traseira pode quicar lateralmente nas saídas de curvas.
- A traseira afunda demais nas acelerações, a moto tende a sair rumo à tangente nas curvas (pois o chassis está alto na dianteira e baixo atrás). Perda de tração dianteira.
- Ao passar por ondulações em velocidade a traseira atinge fim de curso, alterando o comportamento do chassis.
- O comportamento do chassis é afetado em excesso por depressões no asfalto e pela força gravitacional das curvas
- Esterço e controle tornam-se difíceis pelo excesso de movimento da suspensão.
EXCESSO DE AMORTECIMENTO DE COMPRESSÃO (muito AC)
- Pneu traseiro pode escorregar em acelerações.
- Condução áspera, embora não tão ruim como a de excesso de AR; quanto mais rápido se pilota, porém, pior fica.
- A aspereza de condução prejudica a tração do pneu traseiro em ondulações, especialmente nas desacelerações.
- Pouco afundamento da suspensão traseira nas acelerações.
- Ondulações médias e altas são sentidas diretamente pelo chassis; quando em velocidade, a traseira chega a saltar.
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Medindo e ajustando
Antes de iniciar o ajuste da suspensão, leia o manual de sua moto. E repito a sugestão: faça as alterações uma a uma, tentando perceber o efeito de cada ajuste.
Antes de começar, gire os parafusos até o fim individualmente e ANOTE o número de cliques ou posição de cada um, para o caso de querer retornar ao ajuste inicial.
Aos fuçadores: mete a mão que compensa!
A ordem de regulagem sugerida é a seguinte:
1º) Pré-cargas traseira e dianteira
2º) ARs (inicialmente com os ACs na posição "central" de sua gama)
3º) ACs
Mãos à obra:
Medição do afundamento (ou "Sag") com piloto a bordo para ajuste da pré-cargas dianteira e traseira:
Pontos de medição na balança (susp. traseira):
Determine os pontos que servirão de referência na hora da medição da altura. Meça com régua ou fita métrica posicionada o mais verticalmente possível.
Na traseira, dois bons pontos são a balança e o subchassis onde ficam as pedaleiras de garupa. Nunca use partes de carenagem como medida pois elas podem alterar sua posição quando você estiver na moto.
- Moto na vertical, piso plano, câmbio em ponto-morto.
- Com auxílio, levante a traseira do chão pelas pedaleiras, de modo a estender a suspensão traseira por completo. Não há problema se tiver a impressão de que a suspensão já é normalmente estendida.
- Meça entre os dois pontos. Este é o curso total de sua suspensão (ou "Free Sag").
- Recoloque a traseira no chão, peça ajuda para equilibrar a moto e empurre o banco para baixo várias vezes para a suspensão assentar, SEM SENTAR na moto, e meça novamente. Esta medida é o seu "afundamento sem piloto" ou "Static Sag", e deve ser bem pequena, de 0 a 6mm em relação à extensão total medida anteriormente.
(Esta medida não será usada no cálculo do ajuste, mas para o seguinte:
Motos off-road: Afundamento sem piloto deve ser de 15 a 25mm
Motos Street/Sport: Afundamento sem piloto deve ser de 0 a 5mm
e para alterá-lo deve-se trocar a mola por uma mais forte (afundamento maior que o máximo acima) ou mais fraca (afundamento menor que o mínimo acima).)
Continuando:
- Agora suba na moto em posição de pilotagem; peça a alguém para equilibrá-la na vertical pelo guidão e empurre a traseira para baixo sentando no banco com força algumas vezes; peça que tomem a medida entre os pontos. Este é seu "afundamento com piloto", ou "Rider Sag".
- Subtraia o valor do Afundamento com piloto do valor do curso total.
("Tudo esticado" menos "piloto sentado").
O resultado é o seu "Sag", ou afundamento atual, na traseira.
Regule a pré-carga da suspensão traseira de modo a ter por volta de 30 a 35mm neste afundamento (com você em posição de pilotagem).
Pontos de medição nas bengalas:
Suspensão convencional: meça do retentor (aquele disquinho de plástico preto logo abaixo da parte mais fina da bengala) até a ponta inferior da mesa (a peça onde se prendem as bengalas).
Suspensão invertida: meça do retentor (que neste caso fica ACIMA da parte mais fina da bengala) até o eixo da roda.
Repita o procedimento de medição anteriormente descrito, e de posse dos resultados, ajuste sua pré-carga para ter o mesmo valor de curso que na traseira (30 a 35mm). Atenção para a medição das bengalas pois costuman ter mais atrito estático; faça movimentos repetidos de assentamento para uma medição mais precisa.
O que fazer (dianteira e traseira):
Afundamento com piloto ("Rider Sag") muito longo - aumentar pré-carga.
Afundamento com piloto ("Rider Sag") muito curto - reduzir pré-carga.
Nível do óleo nas bengalas
Bengalas são sensíveis a mudanças de nível de óleo porque o pequeno volume de ar acaba funcionando como uma mola extra.
Diferentes níveis de óleo afetam a dureza da mola no meio do curso, e causam grande alteração no final do curso.
Quando o nível de óleo é aumentado, o efeito-mola do ar na metade final do curso é mais forte.
Quando é reduzido, o efeito-mola do ar na metade final é diminuído, tornando o funcionamento mais suave.
O nível de óleo atua mais eficientemente no fim do curso da bengala.
Nota: Ajuste o nível de acordo com seu manual.
Bônus - mais alguns diagnósticos e soluções
Problemas nas Bengalas - e cura provável
Garfos comprimem-se demais em curvas suaves - usar molas mais fortes / aumentar pré-carga.
Garfos afundam demais ou atingem fim de curso - usar molas mais fortes / aumente pré-carga / aumente o amortecimento de compressão (AC).
"Perda da dianteira" nas tomadas de curva - usar molas mais fracas, ajustar distribuição de peso.
Dianteira vibrando nas saídas de curva - usar molas mais fracas / diminuir amortecimento de retorno (AR).
Dificuldade em iniciar curvas - usar molas mais fracas / reduzir pré-carga / reduzir AC / alterar geometria de esterço.
Roda dianteira saltando em ondulações - usar molas mais fracas, reduzir AC.
Garfos tremem nas frenagens em retas - diminuir AC.
Garfos mergulham rápido demais: aumentar AC.
Garfos afundando em curvas com ondulações: diminuir AR.
Excesso de ação "pula-pula" nos Ss (curvas alternadas) - aumentar um pouco o AR.
Dianteira balançando bastante (e não apenas "vibrando") nas curvas - aumentar AR.
Dianteira volta para cima muito rapidamente após frenagem - aumentar AR.
Problemas nos Amortecedores (traseiros) - e cura provável
Traseira afunda nas acelerações - usar molas mais duras / aumentar ângulo do anti-mergulho / aumentar um pouco o AC.
Direção muito áspera sobre áreas irregulares - reduzir AC.
Moto "quicando" - aumentar AR.
Traseira levantando rápido demais nas frenagens - aumentar AR.
Traseira vibrando nas saídas de curvas lentas - aumentar AR.
Moto saltando sobre irregularidades ou quicando após elevações - aumentar AR.
Traseira "compactando" (comprimindo-se mais e mais) em curvas com oscilações de terreno: reduzir AR.
Por fim, tenho outros "diagnósticos" mais detalhados para problemas específicos; basta perguntar que pesquisarei e postarei a resposta, caso a possua.
E boa regulagem!
Fontes:
- Parks, Lee. "Total Control: High-Performance Street Riding Techniques".
- Hough, David L. "Proficient Motorcycling: The Ultimate Guide to Riding Well"
- Code, Keith. "A Twist of the Wrist - The Motorcycle Road Racers Handbook"
- Website. Sport Rider Magazine